terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

até o fio da alma

...aquele homem acaba de sair de um bar,
acende um cigarro, já é madrugada
e no meio daquela rua pequenina
começa a ensaiar um tango
Feliz...
a lua brilha
intensa...
as estrelas lembram anjos e demônios pregados no céu
observando os simples mortais.
Um pouco de mitologia é sempre bom,
vc saboreia o café de forma diferente
sente melhor o sabor das coisas...
fantasia toda tua vida
e ela se transforma em poesia onírica.
Ah! detalhe; ele assobiava mutantes,
aquela música que Baptista chamou de Caminhante noturno
a trilha sonora perfeita.
"No chão de asfalto,
Ecos. O sapato...
Pisa o silêncio
caminhante noturno,
Fúria de ter nas suas mãos
dedos finos de alguém a apertar, a beijar
(...)
Pisa o silêncio
caminhante noturno
Foge do amor
Que a noite lhe deu sem cobrar
Sem falar, sem sonhar...
Vai caminhante...
antes do dia nascer, antes da noite morrer, vai..."
passo a passo...
ao longe avista uma grande igreja,
nunca a vira ali naquela rua,
passara muitas vezes por aqueles becos,
eles ainda estavam molhados da chuva da noite passada.
pés molhados...o homem acende outro cigarro.
No caminho,
encontra a mesma Maria,
a do Caminhante,
e num surto de sentimentos,
não acredita.
Mas, diferente do "personagem mutante"
o homem se entrega, não foge do fervor que,
além dos olhos que lhe miram,
lhe evolvem também a sua áurea!
Agradece a noite o amor, a paixão, o ardor de um dia,
um mês,
talvez de um ano, uma eternidade
quem sabe...
havia sido ela, a noite;
aquela que lhe presenteou, sem cobrar, sem falar, sem sonhar...
cumpre parte da meta do herói original
mas volta pra casa em paz
com suas lembranças.
Havia deitado em sedosos lençóis
Fora tocado por dedos leves, doces...
febris...
no aconchego da pele,
ao contrário do caminhante,
que fugira do amor, da paixão, do ardor , da libido da noite.
Voltava sim,
regozijando-se junto à madrugada fria
e a saudade do abraço o diluia, mas o confortava...
o confortava até o fio da alma!

Um comentário:

Anônimo disse...

Poxa amigo...
Lendo essas palavras até eu me perdi naquela noite...

Nada a dizer,
só que "lindo".
Apenas.

As Portas...

Para cada porta, uma chave...para cada chave que gira, uma realidade paralela...uma vida.